Tuberculose em Crianças
e Desafios no diagnóstico

Carga da doença da tuberculose

A OMS estima que 1,1 milhão de crianças com idades entre 0 e 14 anos desenvolvem tuberculose (TB) a cada ano. A TB é uma doença infecciosa transmitida pelo ar causada por uma bactéria, Mycobacterium tuberculosis, também chamada de bacilo da TB ou bacilo de Koch, que é transmitida pelo ar exalado e respirado. Essa bactéria afeta principalmente os pulmões (tuberculose pulmonar), mas também pode afetar outros órgãos. Se não tratada, a TB pode levar à morte em 20-50% das crianças.

Em adultos, a doença pode ser diagnosticada por meio de microscopia, cultura ou testes moleculares realizados no escarro expectorado (muco tossido dos pulmões/vias respiratórias). Em crianças, o diagnóstico é mais complicado (coleta de amostras mais difícil, apresentação clínica menos óbvia do que na TB em adultos, menos bacilos produzidos). Crianças pequenas, especialmente aquelas com menos de 5 anos de idade, têm um alto risco de desenvolver TB após exposição ao Mycobacterium tuberculosis e de progredir para formas mais graves de TB. A maioria das crianças (>75%) com TB desenvolverá doença pulmonar, em formas não graves.

Como resultado desses desafios de diagnóstico, as crianças com TB são massivamente subdiagnosticadas.

Em 2020, a mortalidade relacionada à tuberculose em crianças abaixo de 15 anos foi estimada em 226.000, e a grande maioria entre crianças com menos de 5 anos de idade e quase todas essas crianças não tiveram acesso ao tratamento.

Um diagnóstico aprimorado de tuberculose em crianças e regimes de tratamento mais adequados às crianças são de importância crítica para fechar essa lacuna diagnóstica e de tratamento.

TRATAMENTO

A TB é uma doença tratável se o regime de medicamentos apropriado for fornecido. O tratamento padrão para TB sensível a medicamentos geralmente envolve uma combinação de medicamentos (de primeira linha), que incluem isoniazida (INH), rifampicina (RIF), pirazinamida (PZA) e etambutol (EMB), dependendo das diretrizes dos países. Este regime de tratamento é geralmente administrado ao longo de um período de seis meses.
No passado, as recomendações de tratamento da TB pediátrica geralmente foram retirados de estudos de tratamento conduzidos em adultos. Recentemente, foi hipotetizado que a maioria das formas não graves de TB em crianças poderia ser tratada com regimes de tratamento mais curtos.

O estudo SHINE mostrou que quatro meses de tratamento da TB usando medicamentos de primeira linha foram tão eficazes quanto os seis meses padrão de tratamento da TB em crianças com TB não grave.
Além da tuberculose sensível a medicamentos, também existem formas de tuberculose resistente a medicamentos em crianças que são mais difíceis de tratar e envolvem o uso de medicamentos de segunda linha, que podem ter mais efeitos colaterais e exigir uma duração mais longa de tratamento. Estudos estão em andamento para encurtar a duração.

USO DE ALGORITMOS DE DECISÃO DE TRATAMENTO PARA MELHORAR O DIAGNÓSTICO DA TUBERCULOSE INFANTIL

Em um esforço para preencher a lacuna do diagnóstico da tuberculose infantil, uma combinação de várias abordagens de diagnóstico já foi desenvolvida para orientar a tomada de decisão clínica, como avaliação de sintomas clínicos, histórico de exposição à TB, radiografias toráxicas e análise microbiológica de amostras. Recentemente, abordagens mais baseadas em dados têm sido usadas para o desenvolvimento de algoritmos de decisão de tratamento (ADTs). Isso é feito usando dados de alta qualidade de estudos diagnósticos pediátricos para desenvolver um sistema de pontuação para características clínicas, radiológicas e microbiológicas associadas à tuberculose.

O objetivo desses ADTs é melhorar o diagnóstico de tuberculose em crianças e apoiar os profissionais de saúde no reconhecimento dos sinais e sintomas clínicos da tuberculose, potencialmente levando à identificação mais precoce da doença. Recentemente, a Organização Mundial da Saúde aprovou condicionalmente um ADT para tuberculose infantil a ser validado no nível de atenção primária.